Embarcação encontrada no PA tinha como destino Ilhas Canárias, diz PF

Embarcação encontrada no PA tinha como destino Ilhas Canárias, diz PF

O
destino
da
embarcação
encontrada
no
litoral
paraense
no
sábado
(13)
era
as
Ilhas
Canárias,
na
Espanha,
avalia
a
Polícia
Federal
(PF).
O
arquipélago
é
usado
como
rota
migratória
para
a
entrada
no
continente
europeu.
Segundo
a
PF,
os
indícios
apontam
que
o
barco
provavelmente
saiu
da
Mauritânia,
na
África,
e
acabou
pegando
uma
corrente
marítima
com
destino
ao
Brasil.


Foram
encontrados
nove
corpos
na
embarcação
,
mas
a
PF
estima
que
pelo
menos
25
pessoas
estavam
a
bordo,
construído
artesanalmente,
sem
leme,
motor
ou
sistema
de
direção. 

“Ao
todo,
foram
encontrados
nove
corpos,
sendo
oito
dentro
da
embarcação
e
um
nono
corpo
próximo
a
ela,
em
circunstâncias
que
sugeriam
fazer
parte
do
mesmo
grupo
de
vítimas”,
informou
a
PF.

A
perícia
inicial,
realizada
em
conjunto
com
a
Polícia
Científica
do
Pará,
indica
que
os
documentos
e
objetos
encontrados
junto
aos
corpos
eram
migrantes
do
continente
africano,
da
região
da
Mauritânia
e
Mali.

É
possível
ainda
que
as
vítimas
sejam
de
outras
nacionalidades
.

A
Polícia
Federal
informou
ainda
que
registrou
um
caso
similar,
em
2021,
quando
três
corpos
em
decomposição
foram
encontrados
em
uma
embarcação
no
litoral
do
Ceará,
próximo
à
capital
Fortaleza.

Migração

A
Organização
Internacional
das
Nações
Unidas
para
as
Migrações
no
Brasil
(OIM)
lamentou
a
morte
de
pessoas
e
se
solidarizou
com
suas
famílias.
Segundo
relatório
da
OIM,
entre
2014
e
2023
mais
de
64
mil
pessoas
morreram
ou
desapareceram
ao
longo
de
suas
trajetórias
migratórias.
Desse
total,
quase
60%
das
mortes
documentadas
durante
a
migração
estão
ligadas
a
afogamentos.

“Esse
número
demonstra
a
necessidade
urgente
de
fortalecer
as
capacidades
de
busca
e
resgate,
facilitar
vias
de
migração
seguras
e
regulares
e
promover
ações
baseadas
em
evidências
para
prevenir
ainda
mais
mortes”,
defende
a
OIM
em
nota. 

A
agência
da
ONU
para
as
migrações
disse
que
continua
apoiando
estados
para
garantir
a
promoção
de
uma
migração
segura,
ordenada
e
regular
conforme
o
Pacto
Global
para
as
Migrações.  

Segundo
o
relatório,
em
todo
2023
foram
registradas
pelo
menos
1.866
mortes
de
migrantes
de
países
do
continente
africano,
contra
1.031
registrados
em
2022.
As
principais
rotas
utilizadas
são
a
travessia
do
Deserto
do
Saara
para
o
norte
da
África
e
a
chamada

rota
do
Atlântico
para
as
Ilhas
Canárias
da
Espanha,
apontada
como
a
utilizada
pelos
migrantes.

O
relatório
da
OIM
registra
que
959
mortes
foram
documentadas
na
rota
do
Atlântico
em
2023,
em
comparação
com
as
559
registradas
em
2022.
A
justificativa
é
o
aumento
crescente
de
pessoas
que
partem
de
países
como
o
Senegal
e
a
Mauritânia.

Ainda
segundo
o
relatório,
um
em
cada
três
migrantes
vêm
de
países
em
conflito,
como
no
caso
do
Mali,
um
dos
países
apontados
como
de
origem
das
vítimas
encontradas
no
litoral
paraense.

Acnur

Em
nota,
o
Alto-comissariado
das
Nações
Unidas
para
os
Refugiados
(Acnur)
também
disse
“lamentar
profundamente”
a
perda
de
vida
das
pessoas
e
disse
que
o
episódio
reforça
a
necessidade
de
haver
uma
abordagem
de
“responsabilidades
compartilhadas
e
integradas
entre
os
diferentes
países,
com
ações
abrangentes
e
colaborativas
em
apoio
às
pessoas
deslocadas
à
força
em
razão
da
violação
de
seus
direitos,
de
perseguições,
de
desastres
relacionados
a
mudanças
climáticas
e
de
violência
generalizada
em
seus
países
de
origem”.

“Reafirmando
nosso
profundo
lamento
pelas
vidas
perdidas,
prestamos
nossa
solidariedade
aos
familiares
e
amigos
das
vítimas”,
disse
o
Acnur
na
nota.

O
Acnur
lembra
que
o
Brasil
reconheceu,
em
julho
de
2022,
a
situação
de
grave
e
generalizada
violação
de
direitos
humanos
no
Mali
e
Burkina
Faso.

A
iniciativa
facilita
o
andamento
dos
processos
de
solicitação
de
reconhecimento
da
condição
de
refugiado
de
pessoas
provenientes
desses
países.
Procedimentos
similares
também
são
aplicáveis
a
solicitantes
de
asilo
oriundos
do
Afeganistão,
Iraque,
Venezuela
e
Síria.

O
Mali
é
o
oitavo
maior
país
africano,
com
uma
área
de
aproximadamente
1,240
mil
Km²,
e
aproximadamente
65%
de
sua
área
terrestre
é
desértica
ou
semidesértica.
Com
uma
população
estimada
em
mais
de
20
milhões
de
habitantes,
das
quais
cerca
de
10%
é
nômade,
e
cerca
de
80%
da
força
de
trabalho
dedica-se
à
agricultura
e
pesca,
o
Mali
vive
um
clima
de
instabilidade
política
com
sucessivos
golpes
de
Estado
e
disputas
entre
grupos
jihadistas
armados.
No
país,
também
atuam
grupos
ligados
ao
tráfico
de
pessoas,
de
armas
e
de
drogas.

Com
uma
população
estimada
em
mais
de
4,7
milhões
de
pessoas,
a
Mauritânia
também
sofre
com
a
violência
de
grupos
jihadistas
armados.
O
país,
porém,
não
tem
histórico
de
migrações
recorrentes. 

Dados
do
Comitê
Nacional
de
Refugiados
(Conare),
ligado
ao
Ministério
da
Justiça
e
Segurança
Pública,
mostram
que
27
mauritanos
conseguiram
refúgio
no
país
em
2020. 

Com
uma
extensão
de
pouco
mais
de
um
milhão
de
Km²,
a
Mauritânia
acaba
servindo
como
rota
de
fuga
para
migrantes
oriundos
do
Mali,

que
o
país
vizinho
não
tem
saída
para
o
mar.

“O
Acnur
reafirma
a
necessidade
de
abordar
os
desafios
do
deslocamento
forçado
nos
países
de
origem,
trânsito
e
destino,
propiciando
o
acesso
seguro
e
irrestrito
à
proteção
internacional
e
fortalecendo
os
sistemas
de
asilo
nos
países
de
destino”,
disse
o
alto-comissariado
em
nota.

Fonte: Agencia Brasil

JeanCarlos

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